18 de fevereiro de 2013

Mozart e a inteligência


            Provavelmente foram poucas as pessoas que nunca ouviram falar do efeito que escutar Mozart causa. Segundo essa teoria popular, se crianças e bebês ouvirem música de Mozart eles vão se tornar mais inteligente, devido algum tipo de arranjo. Uma busca simples na Internet, e você vai poder se encher de produtos do compositor para seus filhos, ou uso próprio, a fim de adquirir mais inteligência.
            A frase "o efeito Mozart" foi inventado em 1991, mas foi um estudo dois anos depois, na revista Nature, que provocou o fascínio do público sobre a ideia de que ouvir música clássica de alguma forma, melhora o cérebro. É uma daquelas teorias que parecem plausíveis, já que Mozart foi, sem dúvida, um gênio mesmo, a sua música é complexa e há uma esperança de que se ouvirmos o suficiente, nosso cérebro possa evoluir de alguma maneira a ficar um pouquinho mais rápido, lógico, criativo, ou qualquer coisa do tipo. A história tomou tal proporção que, em 1998, Zell Miller, o governador do estado da Geórgia nos EUA, pediu que dinheiro fosse reservado no orçamento do estado, de modo que cada recém-nascido poderia receber um CD de música clássica.
            Mas, Mozart não ouvia a si mesmo na infância. Será que existe alguma relação com música clássica e inteligência? Se fizermos uma pesquisa básica, sem muitos aprofundamentos, já vamos descobrir algumas falhas nos estudos sobre o “efeito Mozart”. Os autores da Universidade da Califórnia, em Irvine, pioneiros no estudo, nem sequer usam o termo "efeito Mozart". Outra questão que aponta para uma possível falha, é que a pesquisa foi realizada com estudantes jovens e adultos, partidários de estudos psicológicos, e não com crianças e bebês. Além do que, apenas 36 alunos participaram. O teste foi feito assim; em três ocasiões, eles receberam uma série de tarefas mentais para serem concluídas, e antes de cada tarefa, eles ouviram ou a dez minutos de silêncio, dez minutos de uma fita de instruções de relaxamento, ou 10 minutos de sonata de Mozart.
            Os estudantes que ouviram Mozart realizaram melhor as tarefas onde eles tiveram que criar formas em suas mentes. Por um curto período de tempo os alunos foram melhores em tarefas espaciais onde tinham de olhar para pedaços de papel dobrados com cortes neles e prever como eles apareceriam desdobrados. Mas, infelizmente, como os autores deixaram bem claro isso, esse efeito dura cerca de 15 minutos. Ou seja, ouvir Mozart não trará uma vida de genialidade.
            Outros estudos ainda foram realizados, para descobrir porque a música do compositor em questão traria esses 15 minutos citados. Uma meta-análise de 16 estudos diferentes confirmou que ouvir música leva a uma melhoria temporária na capacidade de manipular mentalmente formas, mas os benefícios são de curta duração e que não nos faz mais inteligente.

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