Fulgêncio Batista em pouco se diferenciava de outros
ditadores, tão comuns na América Latina até hoje. Tinha pouca ou nenhuma
vontade de realmente fazer o seu país se desenvolver.
Estava mais interessado em enriquecer e lucrar com o poder,
custasse o que custasse. Em um caso pitoresco, Fulgêncio recebeu da companhia
americana AT&T um telefone de ouro para celebrar um acordo que traria
a empresa para operar em Cuba.
As relações entre Estados Unidos e Cuba nesse tempo foram
quase sempre bastante próximas.
Partiu dos Estados Unidos, por exemplo, a iniciativa de
combater o domínio espanhol sobre a ilha do Caribe. Para os EUA, o domínio de
um país europeu sobre um país latino-americano contrariava a noção de que deveriam
ser eles, e não os europeus, a grande nação a influenciar a região.
Ao contrário do que se tornou comum pensar, porém, Cuba não
era um destino abandonado e utilizado como um “cabaré” americano. Por décadas a
relação entre ambos os países se estreitou, e bilhões de dólares em
investimento americano foram despejados no país, ajudando a construir inúmeras
usinas de açúcar – o que colaborou para fazer de Cuba um dos 3 países mais
ricos do continente. A renda per capita de um cubano equivalia em 1959 a US$
11,3 mil dólares em valores atualizados, quase 10% maior do que a renda atual,
e semelhante à renda de um britânico no mesmo período.
O país era o quinto do mundo em número de televisões
per capita. A maior taxa de telefones da América Latina (2,6 por 100
habitantes), a segunda maior taxa de veículos, atrás apenas da Venezuela, e
números de mortalidade infantil menores do que os registrados nos Estados
Unidos e Canadá. Ainda em 1958, o país registrava o 8º maior salário industrial
do mundo.
Durante o período da revolução, os Estados Unidos não mais
apoiavam o governo de Fulgêncio, fato que levou Fidel a tentar apoio dos
próprios americanos para sua revolução. Foi apenas em 1961 que Cuba alinhou-se
à União Soviética.
No mês de abril de 1959, em solo americano, Fidel virou
estrela, sendo aclamado como herói. Em Washington, foi recebido por autoridades
e posou para fotos, vestido com seu uniforme militar, em frente ao Capitólio.
Na capital americana, chegou a fazer uma reunião a portas fechadas com Richard Nixon,
então vice-presidente dos EUA no governo de Eisenhower. Já em Nova York, uma
multidão estimada em 35 mil pessoas foi ver o jovem advogado que liderou os
revolucionários cubanos discursar no Central Park. No palanque, bandeiras dos
Estados Unidos e de Cuba estavam hasteadas lado a lado.
Mas, ao longo de 1960, Fidel foi enxergando oportunidades de
lucrar mais, alinhando-se com os soviéticos do que com os americanos, já que os
soviéticos viram em Fidel, uma oportunidade
para usar o território cubano e instalar bases de mísseis apontados para
os Estados Unidos, como consequência da Guerra Fria.
A oferta financeira soviética para Fidel e sua turma, foi
melhor que a americana.
Em janeiro de 1960, Cuba nacionalizou refinarias americanas
depois que elas se recusaram a processar óleo soviético. Nos meses seguintes,
outros negócios americanos na ilha foram alvo de estatização.