22 de dezembro de 2020

Sobre Edmund Burke

A frase de Edmund Burke: “Um povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la”, é tremendamente escatológica.

Sempre tive dificuldade em entender o comportamento do povo alemão durante os cinzentos anos em que Adolf Hitler esteve no poder no início do século XX, na Alemanha.

Idolatrado por seu povo, conduziu seu país a um abismo admirável. Mesmo depois de tudo vir a tona, a maioria dos alemães saiu daquele inferno dizendo que não sabia do que estava acontecendo.

Outros, se também não sabiam, limparam suas mentes por entender, pelas circunstâncias do seu entorno, que algo não estava bem.

Não cabem aqui julgamentos. Como em todo povo há aqueles oportunistas, os de mentes mais frágeis, e aqueles que por alguma razão percebem o seu entorno e gostam. Dele tiram proveitos ou apenas apoiam por adorarem a arte das mágicas.

A frase de Burke remete não há um povo específico, mas a humanidade.

Em uma escala menor, por razões claras, vivemos atualmente aqui, uma situação que nos remete igualmente aquele início do século XX na Europa.

Agora, estamos no início do século XXI, na América do Sul, no Brasil.

Parece uma alegoria macabra.

Assim, como na época dos anos cinzentos da Alemanha, temos pessoas boas, com cultura suficiente para entender seu entorno, mas que por alguma razão, que a própria razão não esclarece, as mentes estão embotadas e extasiadas com um líder de comportamento oblíquo do que se espera de um estadista verdadeiro.

Talvez, depois da tempestade venham a dizer que não sabiam. É possível. Ou mesmo que fez coisas boas. É provável.

O fato é que não conhecer a história, ou a ela não dar importância, é estar condenado a repeti-la, em maior ou menor dimensão.