18 de outubro de 2018

A República pelo amor de uma dama


Como boa parte da história brasileira, a história da proclamação da republica brasileira, não poderia ser diferente daquela contada nos livros de história pelas escolas.

Segundo historiadores brasileiros, havia no Rio Grande do Sul uma dama quarentona  e muito bonita, chamada Maria Adelaide Andrade Neves Meireles, conhecida como Baronesa do Triunfo, que usava este título por ser filha do Barão de Triunfo.

Em 1883, quando governou o Rio Grande do Sul, Deodoro da Fonseca encantou-se com a dama. Mesmo casado, Deodoro costumava cortejar as belas que o cercavam.

No entanto Adelaide era uma admiradora política de Gaspar Silveira Martins, um senador liberal gaúcho, galanteador e muito admirado pelas mulheres de sua época.

Conta-se que a relação de Gaspar e Adelaide estreitou-se por conta de uma queda de cavalo em que o senador quebrou a perna e foi auxiliado durante a convalescência pela Baronesa. 

O charme de Maria Adelaide teria deflagrado uma disputa romântica entre Deodoro e Gaspar a partir de 1883, conforme a obra de Laurentino Gomes.

Deodoro também era adversário de Gaspar Martins porque o senador falava mal dos militares segundo o historiador militar coronel Claudio Moreira Bento.

Deodoro da Fonseca cresceu num meio monarquista, ideias monarquistas, seu pai era membro do Partido Conservador. Tudo que Deodoro foi, ele deve ao sistema monarquista. Entrou com 16 anos para a vida militar, não teve filhos – diziam que era estéril – mas adotou como filho seu sobrinho Hermes da Fonseca, que viria mais tarde a ser o 9º presidente da República.

No dia 15 de novembro de 1889, Deodoro liderou o golpe que destituiu o gabinete do Visconde de Ouro Preto, seu adversário político, mas, ao longo do dia, relutou em proclamar a vitória. 

Segundo o historiador Eduardo Bueno, a cena que se sucedeu foi a seguinte:
“Benjamim Constant – um científico – tentou comandar as tropas revolucionárias até o Quartel Geral do Exército, no Rio de Janeiro, porém como ele nunca tinha sido um militar de caserna foi chamar seu amigo Deodoro da Fonseca. A tropa estava perdida. A infantaria desordenada, a cavalaria sem comando, os fuzileiros nervosos. Deodoro então liderou as tropas até o Quartel Geral”.
Conforme diz o historiador, contam que informaram a Deodoro que o 1º ministro, o visconde de Ouro Preto, teria pedido a prisão de Deodoro - mentira conspiratória. “Chegando ao Quartel, o visconde de Ouro Preto estava reunido com o ministério e o marechal Deodoro da Fonseca destituiu o 1º ministro, mas seu amigo o imperador continuava no cargo. Tinha acabado de chegar de uma viagem da Europa”.

Sofrendo de fortes dores no peito, dispneia, cansaço, Deodoro então retornou a sua casa e foi descansar em seu quarto. 

No período da tarde, os conspiradores retornaram à residência do marechal e disseram-lhe que quem tinha assumido o cargo de 1º ministro era seu grande inimigo, o senador Gaspar Silveira Martins, a quem a Marquesa do Triunfo havia preferido.

Na verdade, esta informação nada tinha de certo, pois ele não tinha sido nomeado pelo imperador Dom Pedro II. “Eles queriam era que Deodoro tomasse as rédeas do poder e acabasse com a falida monarquia”.

Sem suntuosidade alguma, Deodoro da Fonseca, de pijamas mesmo, disse: “Digam ao povo que a República está feita”. Ou melhor, a República brasileira nasceu de um golpe militar sob a luz do positivismo, do científico Benjamim Constant, orquestrado na Academia Militar da Praia Vermelha.
Foi então que às 15h, do dia 15 de novembro de 1889, é lavrada na Câmara Municipal do Rio de Janeiro a declaração de Proclamação da República. 

A partir daí o Brasil passa a se unir as demais repúblicas sul americanas e Deodoro se torna o primeiro presidente do Brasil.

Maria Adelaide morreu no ano de 1929 aos 91 em Porto Alegre anos e Gaspar Martins no Uruguai, em 1901.

É sintomático ainda comparar a madrinha republicana do Brasil com o símbolo universal da República – a efígie de Marianne, que pode ser vista em qualquer nota de real. Marianne foi concebida como uma musa pelos republicanos franceses. Ela não é uma pessoa de carne e osso, marcando a impessoalidade da República ideal, que não faz diferença entre cidadãos. Marianne – a contração dos dois nomes femininos mais comuns na França do século 18 (Marie e Anne).

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