Para compreender a obra de
Nicolau Maquiavel, O Príncipe, é necessário entender o contexto que esta obra
está inserida. Maquiavel perdeu o emprego, com a volta dos Médici ao poder, e
almejava voltar para a corte. Assim, na sua propriedade rural, começa a
escrever esse livro com o intuito de agradar os senhores do momento, e
conseguir um cargo. Então, em O Príncipe, Maquiavel estuda os principados, suas
espécies, e como podem ser conquistados, conservados, ou até perdidos.
Começaremos com a definição de Estado por Maquiavel;
“todos os domínios que existiram ou existem e possuem império sobre os homens,
foram ou são repúblicas ou principado.”. Maquiavel diz que são quatro maneiras
de se conquistar um principado. Conquista-se pela virtu (virtude) – para Maquiavel virtude significa força e ação -,
pela fortuna (sorte), pela perversidade e pelo consentimento dos cidadãos.
Os principados hereditários, onde o poder passou de pai
para filho, resulta em menores dificuldades para se manter. O príncipe
hereditário tem menos necessidade de se defender, já que o domínio já estava
com a sua família, o que resulta em ser mais amado.
A dificuldade se encontra em anexar
novos territórios. Se um príncipe anexa um principiado a um Estado, se
forem da mesma província e da mesma língua, ele será facilmente conquistado.
Porém, para mantê-lo deve-se extinguir o sangue do antigo governante e não
alterar as leis nem os impostos. Mesmo que se conte com poderosos exércitos, é
preciso da colaboração dos habitantes da província para se manter nela. Agora,
quando são de línguas, leis e costumes diversos, recomenda-se ao conquistador
estabelecer-se na província. Outro meio eficaz é fundar colônias, que não
custam nada e são mais fieis. Assim, observa-se que os homens devem ser ou
agravados ou liquidados, porque se vingam de ofensas leves. Convém também ao
príncipe enfraquecer os poderosos, porque quando alguém torna poderoso o outro,
arruína-se. Deve, então, o governante, proteger o mais fraco, para ganhar o
amor do povo.
Quando
se conquista um território que vive em liberdade, existem três modos de
conservá-los; ou se aniquila, ou os habita pessoalmente, ou os deixa viver sob
suas próprias leis, cobrando-lhes tributos moderados e organizando um governo
de poucas pessoas que se conservem fiéis ao conquistador. Conquistar um
principado inteiramente novo, existem maiores ou menores dificuldades, que
resulta de quem os conquistou. Aqueles que chegam ao poder somente levados pela
fortuna, atingem o principiado com pouco esforço, mas lutam muito para nele se
manter. Se julga necessário, em um principiado novo, precaver-se de inimigos,
fazer amigos, vencer pela força ou pela fraude, fazer-se amado ou temido,
respeitado e seguido pelos soldados. Liquidar quem puder prejudicar, inovar com
leis, ser severo e grato, magnânimo e liberal, extinguir a milícia infiel e
criar uma nova e manter a amizade dos reis e dos príncipes.
Aos
que chegaram ao principado pela adversidade, seja por qualquer meio perverso ou
pelo consenso dos seus cidadão, Maquiavel recomenda que as perversidades devem
ser feitas todas ao mesmo tempo, porque durando pouco ofendem menos, e os
benefícios devem ser entregue para poucos, para que se saboreie mais. E,
sobretudo, um príncipe deve conviver com seus súditos, de modo que bons ou maus
acontecimentos não abalem essa convivência.
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