Nós todos já
passamos por isso. As instruções soaram tão claras quando foram passadas. Cada
passo da viagem parecia óbvio, parecia que as instruções foram entendidas
perfeitamente. E ainda assim, nos deparamos diversas vezes, em algum lugar
discutindo se deveria ter ido para a esquerda ou direita no último turno, e
exatamente de quem é a culpa.
A verdade é
que, psicologicamente falando, dar boas direções é uma tarefa particularmente
difícil. Isso se deve a chamada "maldição do conhecimento", uma
peculiaridade psicológica segundo a qual, quando conhecemos algo, achamos
difícil de lidar com a forma como alguém que não conhece ainda olha para aquilo.
Assim, assumimos inconscientemente que conhecem a rota. Mas se você nunca foi a
um lugar antes, precisa de mais do que uma descrição de um lugar, precisa de
uma definição exata, ou uma fórmula precisa para encontrá-lo. A maldição de
conhecimento é a razão de que um conselho de que "é a barraca azul",
por exemplo, soa perfeitamente sensato para quem dá a informação, e
completamente inútil para quem recebe.
É devido a
esse fenômeno que é tão difícil de ensinar qualquer coisa, e perdemos a
paciência facilmente com quem estamos ensinando. A maldição do conhecimento,
porém, não é uma falha surpreendente em nossa maquinaria mental - realmente, é
apenas um efeito colateral da nossa alienação básica do outro. Nós todos temos
pensamentos e crenças diferentes, e nós não temos um acesso especial na mente
um do outro. As vezes nós fingimos entendimento imaginando o que faríamos se estivéssemos
no lugar de outra pessoa. Temos pensamentos como, "não vou comer todos os
bagels antes de minha esposa se levanta de manhã, porque ela gostaria de comer".
Este atalho permite-nos a aparecer atencioso, sem fazer qualquer reflexão
profunda sobre o que as outras pessoas realmente sabem e querem. Porém, as
vezes isso gera confusão, já que nem sempre sabemos o que os outros querem, e
quase nunca é o mesmo que nós queremos.
O que
acontece, é que algumas ocasiões exigem uma compreensão adequada dos
sentimentos das outras pessoas e crenças. Dar instruções a alguém é um exemplo.
Outro, é simplesmente uma piada. Algo engraçadíssimo para alguém, não tem a
menos graça para outra pessoa. Mas devido ao nosso conhecimento de mundo e
bagagem cultural, achamos graça e acreditamos que todos os outros também acharão.
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