O
mundo fez progressos enormes no combate à doenças infecciosas, e as pessoas
hoje vivem vidas muito mais longas. Mas traria isso só benefícios? Não
necessariamente. Agora , apesar de as pessoas levarem vidas mais longas, elas
levam uma vida mais doente, com problemas de saúde que causam, durante esses
anos a mais que conseguiram, angústia dor e incapacidade mental.
Esta "ironia devastadora",
como os pesquisadores descrevem, é a principal conclusão de um estudo de cinco
anos que faz uma avaliação mais abrangente da saúde global na história da
medicina, de acordo com o jornal que publicou a pesquisa. O estudo da Carga
Global de Doenças, conduzido pelo Instituto de Métrica e Avaliação de Saúde
(IHME) da Universidade de Washington, descobre que os países enfrentam uma onda
de custos financeiros e sociais devido o aumento do número de pessoas que vivem
com doenças e ferimentos.
Entre outras conclusões, está a que,
enquanto a desnutrição caiu no ranking como causa de morte e doença, os efeitos
da ingestão excessiva estão tomando seu lugar. Tabagismo e uso de álcool também
ultrapassaram a fome infantil, e tornaram-se o segundo e o terceiro maiores
riscos para a saúde, perdendo apenas para a pressão alta. Mais de três milhões
de mortes no mundo foram atribuídas em 2010 para o excesso de peso, mais de
três vezes mais do que a desnutrição. "Passamos de um mundo de 20 anos
atrás, onde as pessoas não tinham o suficiente para comer a um mundo agora,
onde temos muita comida e alimentos pouco saudáveis - mesmo em países em
desenvolvimento – o que está nos fazendo mal", disse Majid Ezzati, do
Imperial College de Londres, um dos pesquisadores principais para a Reuters.
No entanto, os principais problemas
de saúde agora são as doenças e condições que não matam, mas nos fazem mal. Nós
agora vivemos mais tempo com mais problemas de saúde que causam dor, prejudicam
a mobilidade, e nos impedem de ver, ouvir e pensar claramente. "Muito
poucas pessoas estão com a saúde perfeita, e como as pessoas envelhecem, eles
acumulam condições de saúde", disse Christopher Murray, diretor do IHME
(Reuters). "Isso significa que deve repensar o que será a vida para nós em
nossos 70 e 80 anos. Isso também afeta os sistemas de saúde, já que eles devem
redefinir prioridades".
O estudo, como o maior esforço
sistemático para quantificar os níveis mundiais de saúde e tendências, envolveu
mais de 480 pesquisadores de 302 instituições e 50 países. Foi financiado pela
Fundação Bill & Melinda Gates e publicado na revista médica The Lancet
nesta quinta-feira.
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