11 de dezembro de 2012

Os novos perseguidos - ateus


            Já sofreram perseguições religiosas católicos, judeus e mulçumanos. Sempre que uma nova crença aparece, vem a perseguição. O medo do novo, de mudanças, ou até mesmo, por que não, de ser passado para trás, como algo velho que não serve mais. Seguindo a tendência de milhões de anos, quem sofre perseguições e discriminações hoje são os ateus e outros céticos religiosos. A descrença religiosa tem ganho força e adeptos ao redor do mundo. Mas, além de perseguição e discriminação em muitas partes do planeta, em pelo menos sete países têm pena de morte para esses descrentes, se forem descobertos.
            O estudo da União Internacional Humanista e Ética (IHEU), mostrou que "os infiéis" em países islâmicos enfrentam o mais grave tratamento nas mãos do Estado e de adeptos da religião oficial – o islamismo. Mas ele também aponta para políticas em alguns países europeus e os Estados Unidos, que favorecem o religioso e suas organizações e tratam os ateus e humanistas como segundo plano, como se fossem pessoas menos merecedoras.
            Segundo o relatório A Liberdade de Pensamento 2012,  "há leis que negam o direito dos ateus de existirem, restringem sua liberdade de crença e de expressão, revogam seu direito de cidadania, coíbem até o seu direito de se casar (...) Outras leis obstruem o acesso à educação pública, os proíbe de exercício de cargo público, os impedem de trabalhar para o Estado, criminalizam a sua crítica da religião, e os executam por deixar de lado religião de seus pais”. O relatório foi recebido por Heiner Bielefeldt, relator especial das Nações Unidas sobre a liberdade de religião ou crença, que disse em uma breve introdução que havia pouca consciência de que os ateus também estavam cobertos por acordos globais de direitos humanos.
            O IHEU - que liga mais de 120 humanista, ateus e organizações seculares em mais de 40 países - disse que estava emitindo o relatório para marcar o Dia da ONU de Direitos Humanos na segunda-feira. De acordo com seu levantamento de cerca de 60 países, os sete onde a expressão de pontos de vista ateistas ou deserção da religião oficial pode trazer a pena de morte são; Afeganistão, Irã, Maldivas, Mauritânia, Paquistão, Arábia Saudita e Sudão. Em uma série de outros países - como Bangladesh, Egito, Indonésia, Kuwait e Jordânia – expressar pontos de vistas ateus ou humanistas é totalmente proibido, considerado blasfêmia. Em muitos destes países, e outros como a Malásia, os cidadãos têm de se registar como seguidores de um pequeno número oficialmente religiões reconhecidas - que normalmente incluem o cristianismo, judaísmo, Islã, etc.
            Ateus e humanistas são, assim, obrigados a mentir para obter seus documentos oficiais, sem os quais é impossível ir para a universidade, receber tratamento médico ou viajar para o exterior. Na Europa,  África subsaariana e na América Latina, as igrejas e cristãos possuem benefícios especiais, estando inclusive presente na educação de diversas escolas públicas. Na Grécia e na Rússia, a Igreja Ortodoxa é ferozmente protegido da crítica e é dado um lugar de destaque em ocasiões de Estado, enquanto na Grã-Bretanha bispos da Igreja da Inglaterra têm assentos na câmara alta do Parlamento.
            Embora a liberdade de religião e de expressão seja protegida nos Estados Unidos, segundo o relatório, um clima social e político prevalece "em que ateus e não-religiosos se sentem como os americanos menores, ou não-americanos". Inclusive a frase mais proferida pelos estado unidenses, por políticos, celebridades e cidadãos comuns é “God bless America” – Deus abençoe a América. Em pelo menos sete estados dos EUA, os ateus estão proibidos de terem cargos públicos e um estado, Arkansas, tem uma lei que proíbe um ateu de depor como testemunha em um julgamento, segundo o relatório.

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