Já sofreram perseguições religiosas
católicos, judeus e mulçumanos. Sempre que uma nova crença aparece, vem a
perseguição. O medo do novo, de mudanças, ou até mesmo, por que não, de ser
passado para trás, como algo velho que não serve mais. Seguindo a tendência de
milhões de anos, quem sofre perseguições e discriminações hoje são os ateus e
outros céticos religiosos. A descrença religiosa tem ganho força e adeptos ao
redor do mundo. Mas, além de perseguição e discriminação em muitas partes do
planeta, em pelo menos sete países têm pena de morte para esses descrentes, se
forem descobertos.
O estudo da União Internacional
Humanista e Ética (IHEU), mostrou que "os infiéis" em países
islâmicos enfrentam o mais grave tratamento nas mãos do Estado e de adeptos da
religião oficial – o islamismo. Mas ele também aponta para políticas em alguns
países europeus e os Estados Unidos, que favorecem o religioso e suas
organizações e tratam os ateus e humanistas como segundo plano, como se fossem
pessoas menos merecedoras.
Segundo o relatório A Liberdade de Pensamento 2012, "há leis que negam o direito dos ateus
de existirem, restringem sua liberdade de crença e de expressão, revogam seu
direito de cidadania, coíbem até o seu direito de se casar (...) Outras leis
obstruem o acesso à educação pública, os proíbe de exercício de cargo público,
os impedem de trabalhar para o Estado, criminalizam a sua crítica da religião,
e os executam por deixar de lado religião de seus pais”. O relatório foi
recebido por Heiner Bielefeldt, relator especial das Nações Unidas sobre a
liberdade de religião ou crença, que disse em uma breve introdução que havia
pouca consciência de que os ateus também estavam cobertos por acordos globais
de direitos humanos.
O IHEU - que liga mais de 120 humanista,
ateus e organizações seculares em mais de 40 países - disse que estava emitindo
o relatório para marcar o Dia da ONU de Direitos Humanos na segunda-feira. De
acordo com seu levantamento de cerca de 60 países, os sete onde a expressão de
pontos de vista ateistas ou deserção da religião oficial pode trazer a pena de
morte são; Afeganistão, Irã, Maldivas, Mauritânia, Paquistão, Arábia Saudita e
Sudão. Em uma série de outros países - como Bangladesh, Egito, Indonésia,
Kuwait e Jordânia – expressar pontos de vistas ateus ou humanistas é totalmente
proibido, considerado blasfêmia. Em muitos destes países, e outros como a
Malásia, os cidadãos têm de se registar como seguidores de um pequeno número
oficialmente religiões reconhecidas - que normalmente incluem o cristianismo,
judaísmo, Islã, etc.
Ateus e humanistas são, assim,
obrigados a mentir para obter seus documentos oficiais, sem os quais é
impossível ir para a universidade, receber tratamento médico ou viajar para o
exterior. Na Europa, África subsaariana
e na América Latina, as igrejas e cristãos possuem benefícios especiais,
estando inclusive presente na educação de diversas escolas públicas. Na Grécia
e na Rússia, a Igreja Ortodoxa é ferozmente protegido da crítica e é dado um
lugar de destaque em ocasiões de Estado, enquanto na Grã-Bretanha bispos da
Igreja da Inglaterra têm assentos na câmara alta do Parlamento.
Embora a liberdade de religião e de
expressão seja protegida nos Estados Unidos, segundo o relatório, um clima
social e político prevalece "em que ateus e não-religiosos se sentem como
os americanos menores, ou não-americanos". Inclusive a frase mais
proferida pelos estado unidenses, por políticos, celebridades e cidadãos comuns
é “God bless America” – Deus abençoe a América. Em pelo menos sete estados dos
EUA, os ateus estão proibidos de terem cargos públicos e um estado, Arkansas,
tem uma lei que proíbe um ateu de depor como testemunha em um julgamento,
segundo o relatório.
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