31 de outubro de 2012

Brasil e a Copa do Mundo de 2014


            Quando o Brasil ganhou o direito de sediar a Copa do Mundo de 2014, que seria tudo feito de maneira transparente e limpa, de forma que dificilmente o dinheiro do contribuinte seria gasto em estádios e infraestrutura. Mas estamos falando de Brasil, não é mesmo? Um país onde seus governantes desviam verbas de hospitais, de merenda de colégios. O que poderíamos esperar? Com o jogo de abertura a menos de dois anos, essas alegações todas parecem furadas.
            Os organizadores do evento criaram um site (www.copa2014.gov.br) onde o público pode acompanhar o trabalho de construção e saídas de caixa para a copa, uma forma de provar transparência. O que acontece, porém, é que o site   possui informações contraditórias ou desatualizadas. Ainda não foi divulgado sequer o orçamento do que o governo gastará com coisas básicas, por exemplo policiamento. O secretário-geral do Contas Abertas, um grupo sem fins lucrativos que monitora gastos públicos, Gil Castello Branco, disse que "tão fácil que qualquer cidadão pode sentar no seu sofá e ver onde o dinheiro estava sendo gasto”, mas isso não é o que estamos vendo. Todos no Brasil sabem do problema que são questões de transparência e responsabilidade social – nosso país possui uma longa história de corrupção e mau planejamento. O professor estado unidense  de planejamento arquitetônico e urbanismo que mora no Rio, Christopher Gaffney, afirmou para a Reuters que “O governo brasileiro não tem um forte histórico de transparência, e a Copa do Mundo reflete o estado do país onde acontece."
            O orçamento oficial para a infraestrutura dos estádios  e transporte para a Copa do Mundo é de 27,1 bilhões de reais – sendo quase a metade destinada ao transporte público, o resto será dividido entre estádios e aeroportos (que estão em uma situação critica). Quem controla esse dinheiro, já que ele vem dos cofres públicos, são três diferentes órgãos. Um é executado pelo Ministério do Esporte, outro pelo Senado e um terceiro pelo Escritório de Controladoria Geral. O problema é que, como todo brasileiro sabe e o resto do mundo está descobrindo isso agora, as informações passadas pelo governo não são confiáveis. "A informação que temos é incompleta, contraditória e tardia, além de ser muitas vezes enganosas ", disse Castello Branco. Um exemplo muito claro disso, são os valores passados para o custo da reforma da Arena Amazônia, em Manaus. O Ministério do Esporte diz que irá  custar 532,2 milhões de reais, o site da Controladoria Geral diz que vai custar 515 milhões de reais e o site do Senado diz 505 milhões de reais. O site do Ministério do Esporte fala que o estádio de Itaquera, em São Paulo terá 65 mil lugares e custará 820 milhões de reais. Esse preço, no entanto, é para um estádio de 48 mil lugares. Em resposta à Reuters, Luis Fernandes, secretário-executivo do Ministério do Esporte simplesmente diz que "A comunicação poderia ser melhor".

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