Sensacionalismo e jornalismo. Ou
melhor, sensacionalismo e telejornalismo. Falar de um e não falar de outro é
não fazer jus às palavras. Mas, em uma situação igual a vivida em Santa Maria,
como retratar?
As redes sociais estão cheias de
charges, todos chamando os jornalistas de urubus, dizem que os jornais estão se
aproveitando da tragédia para tirar proveito próprio, aumentar o ibope ou
qualquer coisa assim. Apontar para o outro quando está de fora é fácil. Mas o
que você faria se tivesse que retratar a morte de 232 jovens? A notícia é
triste e chocante.
Os profissionais da notícia também
são pais, mães, irmãos, gente. Também sofreram e ficaram chocados com a
noticia. Mas uma tragédia como a de Santa Maria merece sim ter tido a
repercussão que teve. Porque se não tivesse sido transmitida do jeito que foi,
será que teria tocado o coração de tantas pessoas? Será que a dimensão do
problema teria sido realmente passada se ela tivesse sido transmitida pelo
William Bonner sentado dentro de um
estúdio, contando que um incêndio causado em uma boate no Rio Grande do Sul
causou a morte de 232 jovens, por negligencia, e pronto. Se as pessoas não
tivessem visto os pais chorando, teriam se identificado?
Mas, porque causar essa comoção
toda? O que ganhamos com isso? O jornalista é um profissional que trabalha para
a sociedade. Trabalha afim de melhorar a comunidade em que vivemos. Devido a
maneira com que foi transmitida a noticia, não só no Brasil, mas no mundo
inteiro, é que as autoridades finalmente começaram a se mexer. Sim, porque o problema sempre houve, exemplos
do mesmo acontecido em outros países existiram, e mesmo assim nossas
autoridades foram negligentes. Teve que acontecer do nosso lado, com pessoas
que poderiam ser nossos filhos, netos, irmãos.
Mas para que tenhamos consciência
disso (de que poderíamos ser nós naquela situação), a televisão tem que mostrar
os rostos com desespero, os corpos estendidos no chão, as pessoas tentando
ajudar – não mostrar essas pessoas seria uma afronta ao heroísmo. Um jovem, por
exemplo, saiu da boate Kiss com vida, mas morreu porque voltou e salvou 14
pessoas. Infelizmente ele não resistiu – porque assim, o mundo se comoveu.
Assim, apareceram voluntários para ajudar as famílias, e principalmente houve
uma pressão no governo. Hoje, a maioria das cidades do Brasil estão revendo
alvarás, várias boates já foram interditadas, novas leis de segurança com toda
a certeza irão aparecer – a presidente Dilma Rousseff deu uma declaração
falando que agora é dever do país garantir para que essa tragédia nunca mais
aconteça.
Então, antes de criticar os outros,
achar que todos querem tirar proveito da desgraça alheia – lógico que no meio
disso tudo, sempre tem gente mal intencionada – repense. Obrigada aos
profissionais da noticia, obrigada aos jornalistas por ajudar a transformar
nossa sociedade todos os dias. Feliz dia do jornalista.
Isa, infelizmente no nosso país só se dá a devida atenção aos problemas quando há comoção popular. De outro modo, somente empurrariam a sujeira para debaixo do tapete. É o jornalismo cumprindo com o seu papel. Parabéns pelo texto! bj
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