6 de novembro de 2012

Maldição do Conhecimento


            Nós todos já passamos por isso. As instruções soaram tão claras quando foram passadas. Cada passo da viagem parecia óbvio, parecia que as instruções foram entendidas perfeitamente. E ainda assim, nos deparamos diversas vezes, em algum lugar discutindo se deveria ter ido para a esquerda ou direita no último turno, e exatamente de quem é a culpa.
            A verdade é que, psicologicamente falando, dar boas direções é uma tarefa particularmente difícil. Isso se deve a chamada "maldição do conhecimento", uma peculiaridade psicológica segundo a qual, quando conhecemos algo, achamos difícil de lidar com a forma como alguém que não conhece ainda olha para aquilo. Assim, assumimos inconscientemente que conhecem a rota. Mas se você nunca foi a um lugar antes, precisa de mais do que uma descrição de um lugar, precisa de uma definição exata, ou uma fórmula precisa para encontrá-lo. A maldição de conhecimento é a razão de que um conselho de que "é a barraca azul", por exemplo, soa perfeitamente sensato para quem dá a informação, e completamente inútil para quem recebe.
            É devido a esse fenômeno que é tão difícil de ensinar qualquer coisa, e perdemos a paciência facilmente com quem estamos ensinando. A maldição do conhecimento, porém, não é uma falha surpreendente em nossa maquinaria mental - realmente, é apenas um efeito colateral da nossa alienação básica do outro. Nós todos temos pensamentos e crenças diferentes, e nós não temos um acesso especial na mente um do outro. As vezes nós fingimos entendimento imaginando o que faríamos se estivéssemos no lugar de outra pessoa. Temos pensamentos como, "não vou comer todos os bagels antes de minha esposa se levanta de manhã, porque ela gostaria de comer". Este atalho permite-nos a aparecer atencioso, sem fazer qualquer reflexão profunda sobre o que as outras pessoas realmente sabem e querem. Porém, as vezes isso gera confusão, já que nem sempre sabemos o que os outros querem, e quase nunca é o mesmo que nós queremos.
            O que acontece, é que algumas ocasiões exigem uma compreensão adequada dos sentimentos das outras pessoas e crenças. Dar instruções a alguém é um exemplo. Outro, é simplesmente uma piada. Algo engraçadíssimo para alguém, não tem a menos graça para outra pessoa. Mas devido ao nosso conhecimento de mundo e bagagem cultural, achamos graça e acreditamos que todos os outros também acharão.

O Príncipe


Para compreender a obra de Nicolau Maquiavel, O Príncipe, é necessário entender o contexto que esta obra está inserida. Maquiavel perdeu o emprego, com a volta dos Médici ao poder, e almejava voltar para a corte. Assim, na sua propriedade rural, começa a escrever esse livro com o intuito de agradar os senhores do momento, e conseguir um cargo. Então, em O Príncipe, Maquiavel estuda os principados, suas espécies, e como podem ser conquistados, conservados, ou até perdidos.
            Começaremos com a definição de Estado por Maquiavel; “todos os domínios que existiram ou existem e possuem império sobre os homens, foram ou são repúblicas ou principado.”. Maquiavel diz que são quatro maneiras de se conquistar um principado. Conquista-se pela virtu (virtude) – para Maquiavel virtude significa força e ação -, pela fortuna (sorte), pela perversidade e pelo consentimento dos cidadãos.
            Os principados hereditários, onde o poder passou de pai para filho, resulta em menores dificuldades para se manter. O príncipe hereditário tem menos necessidade de se defender, já que o domínio já estava com a sua família, o que resulta em ser mais amado.
            A dificuldade se encontra em anexar novos territórios. Se um príncipe anexa um principiado a um Estado, se forem da mesma província e da mesma língua, ele será facilmente conquistado. Porém, para mantê-lo deve-se extinguir o sangue do antigo governante e não alterar as leis nem os impostos. Mesmo que se conte com poderosos exércitos, é preciso da colaboração dos habitantes da província para se manter nela. Agora, quando são de línguas, leis e costumes diversos, recomenda-se ao conquistador estabelecer-se na província. Outro meio eficaz é fundar colônias, que não custam nada e são mais fieis. Assim, observa-se que os homens devem ser ou agravados ou liquidados, porque se vingam de ofensas leves. Convém também ao príncipe enfraquecer os poderosos, porque quando alguém torna poderoso o outro, arruína-se. Deve, então, o governante, proteger o mais fraco, para ganhar o amor do povo.
            Quando se conquista um território que vive em liberdade, existem três modos de conservá-los; ou se aniquila, ou os habita pessoalmente, ou os deixa viver sob suas próprias leis, cobrando-lhes tributos moderados e organizando um governo de poucas pessoas que se conservem fiéis ao conquistador. Conquistar um principado inteiramente novo, existem maiores ou menores dificuldades, que resulta de quem os conquistou. Aqueles que chegam ao poder somente levados pela fortuna, atingem o principiado com pouco esforço, mas lutam muito para nele se manter. Se julga necessário, em um principiado novo, precaver-se de inimigos, fazer amigos, vencer pela força ou pela fraude, fazer-se amado ou temido, respeitado e seguido pelos soldados. Liquidar quem puder prejudicar, inovar com leis, ser severo e grato, magnânimo e liberal, extinguir a milícia infiel e criar uma nova e manter a amizade dos reis e dos príncipes.
            Aos que chegaram ao principado pela adversidade, seja por qualquer meio perverso ou pelo consenso dos seus cidadão, Maquiavel recomenda que as perversidades devem ser feitas todas ao mesmo tempo, porque durando pouco ofendem menos, e os benefícios devem ser entregue para poucos, para que se saboreie mais. E, sobretudo, um príncipe deve conviver com seus súditos, de modo que bons ou maus acontecimentos não abalem essa convivência.
           

Americanos vão às urnas


Nesta terça-feira (6), os Estados Unidos da América vão às urnas decidir o próximo presidente do país. Os concorrentes são, o atual presidente, o democrata Barack Obama, e o republicano Mitt Romney, ex-governador de Massachussets. A disputa está tão acirrada, que o atual presidente Obama parabenizou Romney pela disputa. “Quero dizer ao governador Romney parabéns pela campanha animada. Sei que os apoiadores dele estão tão engajados e tão entusiasmados e trabalhando tanto quanto os nossos hoje.”, afirmou por volta das 15h.
            Nos EUA, a política se resume entre democratas e republicanos. Para entender suas propostas é necessário ver a história desses partidos. Criado em 1833, o partido Democrata era a formação dos Estados do sul dos Estados Unidos. Inicialmente defendiam a escravidão e a segmentação racial. Após a Segunda Guerra Mundial, passou a defender a igualdade racial e as minorias. Ganhou espaço após a presidência de Franklin D. Roosevelt, com a política do New Deal - investimento maciço em obras públicas, destruição dos estoques de gêneros agrícolas, como algodão, trigo e milho, a fim de conter a queda de seus preços, controle sobre os preços e a produção, para evitar a superprodução na agricultura e na indústria e a diminuição da jornada de trabalho. O Partido Democrata, hoje, se apresenta como uma organização de centro-esquerda, com a proposta de equilibrar o capitalismo com programas sociais. Apoiado pelos sindicatos, defende o direito das minorias, ao aborto, à educação pública e às minorias. Seus principais presidentes foram: Andrew Jackson (1829-37), Woodrow Wilson (1913-21), Franklin Delano Roosevelt (1933-45), Harry Truman (1945-53), John F Kennedy (1961-63), Lyndon Johnson (1963-69) e Bill Clinton (1993-2001).
            O Partido Republicano foi criado em 1854 em oposição à escravidão. Seu primeiro presidente foi Abraham Lincoln, que provocou a Guerra de Secessão – guerra civil americana que consistiu na luta entre 11 Estados Confederados do Sul latifundiário, aristocrata e defensor da escravidão, contra os Estados do Norte industrializado, onde a escravidão tinha um peso econômico bem menor. Depois da Segunda Guerra Mundial, esteve à frente do combate ao comunismo. Com o fim da Guerra Fria, uma nova onda conservadora tomou conta do partido. O eleitor típico do Partido Republicano é branco, religioso, favorável ao capitalismo e às reduções de impostos. No campo social, defende políticas conservadoras de defesa da família, opõe-se ao casamento entre homossexuais ou ao financiamento de abortos com recursos públicos. Seus principais presidentes foram: Abraham Lincoln (1861-65), Ulysses Grant (1869-77), Theodore Roosevelt (1901-09), Dwight Eisenhower (1953-61), Richard Nixon (1969-74), Ronald Reagan (1981-89).
            Com relação às propostas dos candidatos atuais, O Globo fez um infográfico interativo para mostrar suas propostas e ações, acesse.