14 de abril de 2024

Minha Ilusória Jornada no Partido Novo

O ano era 2015 e o Brasil se via imerso em um mar de corrupção. As revelações da Operação Lava Jato expunham a podridão do sistema político tradicional, e a população clamava por mudança. Foi nesse cenário de desilusão que surgiu o Partido Novo, um sopro de esperança para aqueles que ainda acreditavam em um futuro diferente.

Cansado da apatia e da falta de representatividade que dominavam o cenário político, decidi me filiar ao Novo. Pela primeira vez na vida, me senti conectado a um projeto que defendia valores como liberdade, responsabilidade individual e mercado livre. Acreditava que o partido representava uma ruptura com o passado e a oportunidade de construir um Brasil mais justo e próspero.

Apesar de ter pouco tempo livre devido à minha rotina, contribuía com o que podia para o desenvolvimento do partido. Fazia doações, participava de debates online e tentava disseminar as ideias do Novo entre amigos e familiares. Acreditava que cada um poderia fazer a diferença na construção de um futuro melhor.

Dois anos se passaram e finalmente pude me dedicar de corpo e alma à vida partidária. No entanto, o que encontrei foi algo bem diferente do que havia imaginado. O Novo que eu conhecia, idealista e inovador, havia se transformado em um partido imaturo e arrogante.

As decisões eram tomadas por um pequeno grupo de "notáveis", sem espaço para divergências ou debate interno. Minha voz e minhas ideias não importavam. Se discordava da linha oficial, era rotulado como infiltrado ou antipartidário. A intolerância era a regra, e o diálogo, mera ilusão.

Além da falta de democracia interna, me deparei com um ar de superioridade entre os líderes. Acreditavam-se donos da verdade e desprezavam qualquer tipo de ajuda. Para eles, o dinheiro era a chave para o sucesso, e o trabalho duro, mera formalidade. Em uma reunião, um dos líderes declarou sem rodeios: "Eleição se ganha com dinheiro." Essa frase sintetizava a visão pragmática e oportunista que havia tomado conta do partido.

Fiquei chocado com a falta de compromisso com os princípios que me motivaram a me filiar. A busca por poder e a sede por dinheiro haviam corrompido o idealismo inicial. O compadrio e as lideranças marcadas por uma casta financeira dominante dominavam a cena. O Novo, em sua essência, se tornou o "Velho": mais do mesmo, igual aos partidos tradicionais que tanto criticava. A única diferença era a máscara de modernidade e mudança que insistia em usar.

Com o coração apertado, pedi minha desfiliação. Não podia mais compactuar com um projeto que havia se desviado tanto de seus valores fundadores. Hoje, sigo apartidário. Acredito que a mudança virá não de um partido específico, mas da ação individual de cada cidadão.

Minha jornada no Partido Novo foi marcada por esperança, ilusão e, finalmente, decepção. Mas também me ensinou valiosas lições sobre a importância do discernimento, da crítica e da luta por um futuro melhor. A chama da mudança ainda arde em meu coração. E, mesmo sem a bandeira de um partido, continuarei lutando por uma sociedade mais justa, livre e próspera para todos.

A história do autor no Partido Novo serve como um lembrete de que nem tudo que reluz é ouro. É fundamental ter um olhar crítico e discernimento ao se envolver com qualquer projeto político. A mudança social exige mais do que a filiação a um partido; requer o engajamento individual e a luta constante por uma sociedade mais justa e igualitária.

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