Mas a vida, em suas reviravoltas, felizmente me trouxe de
volta ao ponto inicial. Aposentado do mundo corporativo e após ter girado o
mundo, decidi voltar à uma companhia de saneamento onde tudo começou, só que agora municipal. Meu objetivo era
concluir a carreira como engenheiro, cumprindo um plano que tracei há tanto
tempo.
O que encontrei, porém, foi algo completamente diferente do
que imaginava. Não era uma empresa, mas sim uma comunidade coesa, com laços que
transcendiam o ambiente profissional. O foco aqui não era o saneamento, mas sim
o bem-estar das pessoas.
Ao longo da minha carreira nas empresas privadas, sempre me
questionei sobre quem era mais importante: o acionista ou os colaboradores. A
resposta que obtive em minha última experiência profissional foi frustrante.
Uma empresa que prioriza excessivamente as pessoas, sem considerar o resultado
do negócio, torna-se tóxica e medíocre.
Vim encerrar minha carreira em uma empresa que achava que o
tempo havia mudado a mentalidade dos jovens. Encontrei jovens pouco motivados,
sem ambição e que priorizavam interesses pessoais, o parecer ser, em detrimento do
trabalho.
Quando saí da companhia estadual de saneamento, meus motivos
eram outros. Buscava explorar o mundo, correr riscos e aumentar meus
rendimentos. Voltei com uma visão renovada do mundo dos negócios, mas me encontrei
em um ambiente arcaico e nepotista, onde a idade e as relações pessoais ditavam
as promoções e cargos.
A relação entre os membros da comunidade é tão forte que
chega a ser familiar. São comuns namoros e casamentos entre colegas, algo que
raramente observei nas empresas privadas, onde a mistura da vida pessoal com a
profissional era um assunto delicado.
Tive muita dificuldade em me adaptar a esse ambiente.
Enfrentei conflitos pessoais e interpessoais, e hoje me sinto isolado e calado.
Apesar disso, continuo me dedicando ao meu trabalho, pois amo ser engenheiro.
Sempre esperei por este momento em minha vida profissional, e por isso não
desistirei.
Meu objetivo é seguir em frente até o momento em que
finalmente possa me retirar e viver o restante da minha vida ao lado da minha
esposa, filhas, genros e netos.
Essa experiência me ensinou muito sobre valores e
prioridades. Percebi que o equilíbrio entre o resultado e o bem-estar das pessoas é
fundamental para o sucesso de uma empresa. Também aprendi que tempo de casa e
as relações pessoais não devem ser os únicos critérios para promoções e cargos.
Espero que a empresa prospere e o ser humano floresça, porém,
em um ambiente justo e virtuoso.
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