Malala Yousafzai, de 14 anos, uma menina que luta pelo
direito à educação de garotas no Talebã, já levou um tiro na cabeça e nesta
terça-feira (10) voltou a ser ameaçada.
Segundo a
BBC, Ehsanullah Ehsan, porta-voz dos talebãs, disse que ela foi alvo do ataque
por "promover o secularismo". "É uma regra muito clara da Sharia
[a lei islâmica] que qualquer mulher, que por qualquer meio tenha um papel na
guerra contra os mujahedins [termo pelo qual os militantes são conhecidos],
deveria ser morta", disse Ehsan, após afirmar que, se sobreviver ao tiro,
Malala não será poupada.
A garota
tornou-se conhecida em 2009, quando tinha apenas 12 anos, porque manteve um blog Diário de uma estudante paquistanesa na BBC Urdu. Segundo ela, neste diário, foram fechadas em 2009 mais de 150 escolas para
meninas, além de as garotas viverem sob uma ameaça de ataques às escolas
femininas. "Na volta da escola para casa, ouvi um homem dizendo 'eu vou te
matar'. Eu acelerei o passo e depois de um tempo olhei para trás para ver se
ele ainda me seguia, mas para o meu alívio ele estava falando com alguém no
celular e deve ter ameaçado outra pessoa pelo telefone", fala Malala no
seu diário.
Logo após
ter a bala retirada de sua cabeça pelos médicos, a garota voltou a receber
ameaças. O caso causou diversos protestos por todo o mundo e para MIlyas Khan,
analista da BBC em Islamabad, em entrevista para a BBC de Londres, a vida
família jamais será a mesma. É provável que ela forçada a buscar asilo político
em outro país. Malala permanece internada e estável.
Guardando as devidas proporções, o
caso lembra a história da menina Isadora Faber, de 13 anos. A florianopolitana
criou uma página no facebook intitulada Diario de Classe
para fazer reclamações sobre o estado das escolas públicas. Isadora já teve que
ir à delegacia prestar esclarecimento, porque uma professora sua a acusou – por
vias legais – de calúnia. A estudante também sofreu ameaças da diretora da
escola em que frequenta, e segundo sua mãe Mel Faber para a Universia Brasil,
até a merendeira da escola tem repreendido a menina publicamente devido sua
página no facebook. Uma professora chegou a escrever no próprio Diário de
Classe para Isadora “deixar de trilhar caminhos obscuros ou terá um futuro
triste".
Contudo, o
que mais preocupa a família, são as ameaças feitas anonimamente pela
página. “Te pego na saída”, “vou te
pegar na rua”, entre outras coisas ameaçam a integridade física da menina – a
emocional seus professores já fizeram o favor de abalar. Segundo sua mãe, Mel
Faber, uma professora chegou a fazer uma aula sobre internet para humilhar a
menina, que chegou em casa arrasada.
No talibã,
ou no Brasil, duas meninas que tentam lutar pelos seus direitos sofrem
represálias públicas por isso, e nenhum governo faz nada. Tudo o que elas
querem é o direito ao estudo.