Provavelmente foram poucas as
pessoas que nunca ouviram falar do efeito que escutar Mozart causa. Segundo
essa teoria popular, se crianças e bebês ouvirem música de Mozart eles vão se
tornar mais inteligente, devido algum tipo de arranjo. Uma busca simples na
Internet, e você vai poder se encher de produtos do compositor para seus
filhos, ou uso próprio, a fim de adquirir mais inteligência.
A frase "o efeito Mozart"
foi inventado em 1991, mas foi um estudo dois anos depois, na revista Nature,
que provocou o fascínio do público sobre a ideia de que ouvir música clássica
de alguma forma, melhora o cérebro. É uma daquelas teorias que parecem
plausíveis, já que Mozart foi, sem dúvida, um gênio mesmo, a sua música é
complexa e há uma esperança de que se ouvirmos o suficiente, nosso cérebro
possa evoluir de alguma maneira a ficar um pouquinho mais rápido, lógico,
criativo, ou qualquer coisa do tipo. A história tomou tal proporção que, em
1998, Zell Miller, o governador do estado da Geórgia nos EUA, pediu que dinheiro
fosse reservado no orçamento do estado, de modo que cada recém-nascido poderia
receber um CD de música clássica.
Mas, Mozart não ouvia a si mesmo na
infância. Será que existe alguma relação com música clássica e inteligência? Se
fizermos uma pesquisa básica, sem muitos aprofundamentos, já vamos descobrir
algumas falhas nos estudos sobre o “efeito Mozart”. Os autores da Universidade
da Califórnia, em Irvine, pioneiros no estudo, nem sequer usam o termo
"efeito Mozart". Outra questão que aponta para uma possível falha, é
que a pesquisa foi realizada com estudantes jovens e adultos, partidários de
estudos psicológicos, e não com crianças e bebês. Além do que, apenas 36 alunos
participaram. O teste foi feito assim; em três ocasiões, eles receberam uma
série de tarefas mentais para serem concluídas, e antes de cada tarefa, eles
ouviram ou a dez minutos de silêncio, dez minutos de uma fita de instruções de
relaxamento, ou 10 minutos de sonata de Mozart.
Os estudantes que ouviram Mozart realizaram
melhor as tarefas onde eles tiveram que criar formas em suas mentes. Por um
curto período de tempo os alunos foram melhores em tarefas espaciais onde
tinham de olhar para pedaços de papel dobrados com cortes neles e prever como
eles apareceriam desdobrados. Mas, infelizmente, como os autores deixaram bem
claro isso, esse efeito dura cerca de 15 minutos. Ou seja, ouvir Mozart não
trará uma vida de genialidade.
Outros estudos ainda foram
realizados, para descobrir porque a música do compositor em questão traria
esses 15 minutos citados. Uma meta-análise de 16 estudos diferentes confirmou
que ouvir música leva a uma melhoria temporária na capacidade de manipular
mentalmente formas, mas os benefícios são de curta duração e que não nos faz
mais inteligente.