Quando o
Brasil ganhou o direito de sediar a Copa do Mundo de 2014, que seria tudo feito
de maneira transparente e limpa, de forma que dificilmente o dinheiro do
contribuinte seria gasto em estádios e infraestrutura. Mas estamos falando de
Brasil, não é mesmo? Um país onde seus governantes desviam verbas de hospitais,
de merenda de colégios. O que poderíamos esperar? Com o jogo de abertura a
menos de dois anos, essas alegações todas parecem furadas.
Os
organizadores do evento criaram um site (www.copa2014.gov.br) onde o público
pode acompanhar o trabalho de construção e saídas de caixa para a copa, uma
forma de provar transparência. O que acontece, porém, é que o site possui informações contraditórias ou
desatualizadas. Ainda não foi divulgado sequer o orçamento do que o governo
gastará com coisas básicas, por exemplo policiamento. O secretário-geral do
Contas Abertas, um grupo sem fins lucrativos que monitora gastos públicos, Gil
Castello Branco, disse que "tão fácil que qualquer cidadão pode sentar no seu
sofá e ver onde o dinheiro estava sendo gasto”, mas isso não é o que estamos
vendo. Todos no Brasil sabem do problema que são questões de transparência e
responsabilidade social – nosso país possui uma longa história de corrupção e
mau planejamento. O professor estado unidense
de planejamento arquitetônico e urbanismo que mora no Rio, Christopher
Gaffney, afirmou para a Reuters que “O governo brasileiro não tem um forte
histórico de transparência, e a Copa do Mundo reflete o estado do país onde
acontece."
O orçamento
oficial para a infraestrutura dos estádios
e transporte para a Copa do Mundo é de 27,1 bilhões de reais – sendo
quase a metade destinada ao transporte público, o resto será dividido entre
estádios e aeroportos (que estão em uma situação critica). Quem controla esse
dinheiro, já que ele vem dos cofres públicos, são três diferentes órgãos. Um é
executado pelo Ministério do Esporte, outro pelo Senado e um terceiro pelo
Escritório de Controladoria Geral. O problema é que, como todo brasileiro sabe
e o resto do mundo está descobrindo isso agora, as informações passadas pelo
governo não são confiáveis. "A informação que temos é incompleta,
contraditória e tardia, além de ser muitas vezes enganosas ", disse
Castello Branco. Um exemplo muito claro disso, são os valores passados para o
custo da reforma da Arena Amazônia, em Manaus. O Ministério do Esporte diz que
irá custar 532,2 milhões de reais, o
site da Controladoria Geral diz que vai custar 515 milhões de reais e o site do
Senado diz 505 milhões de reais. O site do Ministério do Esporte fala que o
estádio de Itaquera, em São Paulo terá 65 mil lugares e custará 820 milhões de
reais. Esse preço, no entanto, é para um estádio de 48 mil lugares. Em resposta
à Reuters, Luis Fernandes, secretário-executivo do Ministério do Esporte
simplesmente diz que "A comunicação poderia ser melhor".