21 de outubro de 2010

Guerra cambial não, nova ordem mundial

Os países sul americanos estão sentindo o efeito do derretimento do dólar americano e a natural valorização de suas próprias moedas. Com moedas fortes, os países da região estão com dificuldades em exportar e, ao invés, estão importando cada vez mais.
Os industriais brasileiros dizem que a China é inimiga comercial, pois enfrentam concorrência chinesa dentro e fora do Brasil.
No início da década de noventa, oitenta por cento das vendas brasileiras para a China eram de produtos industrializados. Na década seguinte, os manufaturados foram para trinta e um por cento. Hoje, não passam de dezesseis por cento. Os outros oitenta e quatro por cento, que exportamos para a China, são produtos agrícolas e minerais, ou seja, commodities.
Aqui está o alerta: noventa e oito por cento do importado, pelo Brasil, da China são manufaturados.
O saldo comercial entre os dois países ainda é positivo para o Brasil. No ano passado, de janeiro a setembro, o nosso superávit foi de seis bilhões de dólares. Neste ano, no mesmo período, reduzimos para cinco bilhões de dólares.
Paradoxalmente, parece que as importações de bens de consumo, mantêm a inflação interna baixa.
O Brasil e outros governos ficam culpando uns aos outros por distorcer a demanda global com armas que vão desde a impressão de dinheiro para a compra de títulos até intervenção cambial e controle de fluxo de capitais através de taxações.
Caso típico foi o governo brasileiro que elevou o Imposto sobre Operações Financeiras para investidores estrangeiros, através do IOF sobre investimentos no mercado à vista e também futuro. Em ambos, a taxa sobre aplicações estrangeiras, que era de dois porcento, passou a ser de seis por cento. Também o IOF cobrado sobre a margem de garantia dos investidores estrangeiros em derivativos foi de trinta e oito centésimos por cento, para seis por cento.
Na verdade, esta agitação em torno do câmbio não deveria ser nomeada guerra cambial. Parece mais retórica, pois as medidas até agora adotadas pelos governos, são ainda muito modestas. As responsabilidades por esta questão são compartilhadas entre os países com alto e prolongado déficit fiscal e em conta corrente, bem como por aqueles outros que tem suas moedas desvalorizadas e que acumulam reservas.
No centro de todo isto está a nova ordem econômica mundial. Os Estados Unidos ameaçou impedir a China de comprar os títulos públicos norte-americanos. Se essa promessa se concretizar, a nação asiática buscará uma forma de retaliação, que aí sim poderá levar a uma guerra, como foi no pós-guerra, só que hoje, com outros protagonistas e com outras armas.

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