Há
muitos fatores que moldam e influenciam nossos pontos de vista políticos, a
nossa educação, carreira, talvez nossos amigos e parceiros. Mas há alguns anos
tem crescido o numero de evidências que sugerem que pode haver um fator mais
fundamental por trás de nossas escolhas: opiniões políticas podem ser
influenciados por nossos genes.
A ideia de que pontos de vista
políticos têm um componente genético é hoje amplamente aceito - ou pelo menos
aceito suficientemente para se tornar um campo de estudo com seu próprio nome: genopolitics. Isto começou com um estudo
fundamental, que mostrou que gêmeos idênticos compartilham mais opiniões
políticas iguais do que gêmeos fraternos. Esse estudo sugeriu que a opinião
política não é influenciada apenas pelo convívio. mas através dos genes dos
pais (que gêmeos idênticos têm mais em comum do que gêmeos fraternos).
A maior descoberta deste campo é que
a visão política que as pessoas possuem, indo de liberal a conservador é
hereditária. A descoberta é surpreendentemente forte, o que nos permite usar a
informação genética para prever variações na opinião política, e seria mais
confiável do que prever a predisposição para o alcoolismo, por exemplo.
Mas, quando se fala de gene para
prever opinião política, não se pode misturar com comportamento eleitoral, nem
para qualquer outro tipo de comportamento. Esse estudo levaram em conta uma
escala extremamente simples. Obviamente não há um gene que controla como as
pessoas respondem à perguntas sobre sua crença política. Isso seria ridículo, e
exigem-nos a supor que em algum lugar, à espreita no genoma, tinha um gene que
estava adormecido durante milhões de anos, até que os cientistas políticos
inventaram o sistema político que nós tempos hoje. Extremamente improvável.
Sim, alguns traços simples - como a
cor dos olhos - são diretamente controlados por um pequeno número de genes. Mas
a maioria das coisas que estamos interessados em medir sobre a vida cotidiana
- por exemplo, as opiniões políticas, traços de personalidade ou outros
problemas de saúde comuns - não tem causa única genética. A força da ligação
entre a genética e a escala liberal-conservadora sugere que algo mais
fundamental está sendo influenciado pelos genes, algo que por sua vez
influencia crenças políticas.
Na realidade, essa predisposição genética
para a política envolve outras coisas. Por exemplo, um estudo mostrou que os
voluntários americanos que começaram a suar mais quando ouviram um barulho
repentino também eram mais propensos a apoiar a pena de morte e a Guerra do
Iraque. Isto mostra que as pessoas cujas respostas básicas emocionais são mais
afloradas tendem à opiniões de direita. Outro estudo, desta vez na
Grã-Bretanha, mostrou diferenças na estrutura cerebral entre liberais e
conservadores - com a amígdala, uma parte do cérebro que aprende respostas
emocionais, sendo maior nos conservadores. Mais uma vez, isto sugere que
diferenças em crenças políticas podem surgir a partir de diferenças nos
processos emocionais.