A frase de Edmund Burke: “Um povo que não conhece a sua
história está condenado a repeti-la”, é tremendamente escatológica.
Sempre tive dificuldade em entender o comportamento do povo
alemão durante os cinzentos anos em que Adolf Hitler esteve no poder no início
do século XX, na Alemanha.
Idolatrado por seu povo, conduziu seu país a um abismo admirável.
Mesmo depois de tudo vir a tona, a maioria dos alemães saiu daquele inferno
dizendo que não sabia do que estava acontecendo.
Outros, se também não sabiam, limparam suas mentes por
entender, pelas circunstâncias do seu entorno, que algo não estava bem.
Não cabem aqui julgamentos. Como em todo povo há aqueles
oportunistas, os de mentes mais frágeis, e aqueles que por alguma razão
percebem o seu entorno e gostam. Dele tiram proveitos ou apenas apoiam por adorarem
a arte das mágicas.
A frase de Burke remete não há um povo específico, mas a
humanidade.
Em uma escala menor, por razões claras, vivemos atualmente
aqui, uma situação que nos remete igualmente aquele início do século XX na
Europa.
Agora, estamos no início do século XXI, na América do Sul,
no Brasil.
Parece uma alegoria macabra.
Assim, como na época dos anos cinzentos da Alemanha, temos
pessoas boas, com cultura suficiente para entender seu entorno, mas que por
alguma razão, que a própria razão não esclarece, as mentes estão embotadas e extasiadas
com um líder de comportamento oblíquo do que se espera de um estadista
verdadeiro.
Talvez, depois da tempestade venham a dizer que não sabiam.
É possível. Ou mesmo que fez coisas boas. É provável.
O fato é que não conhecer a história, ou a ela não dar
importância, é estar condenado a repeti-la, em maior ou menor dimensão.