22 de maio de 2018

Cuba não era miserável antes de Fidel Castro

Fulgêncio Batista em pouco se diferenciava de outros ditadores, tão comuns na América Latina até hoje. Tinha pouca ou nenhuma vontade de realmente fazer o seu país se desenvolver.

Estava mais interessado em enriquecer e lucrar com o poder, custasse o que custasse. Em um caso pitoresco, Fulgêncio recebeu da companhia americana AT&T um telefone de ouro para celebrar um acordo que traria a empresa para operar em Cuba.

As relações entre Estados Unidos e Cuba nesse tempo foram quase sempre bastante próximas.

Partiu dos Estados Unidos, por exemplo, a iniciativa de combater o domínio espanhol sobre a ilha do Caribe. Para os EUA, o domínio de um país europeu sobre um país latino-americano contrariava a noção de que deveriam ser eles, e não os europeus, a grande nação a influenciar a região.

Ao contrário do que se tornou comum pensar, porém, Cuba não era um destino abandonado e utilizado como um “cabaré” americano. Por décadas a relação entre ambos os países se estreitou, e bilhões de dólares em investimento americano foram despejados no país, ajudando a construir inúmeras usinas de açúcar – o que colaborou para fazer de Cuba um dos 3 países mais ricos do continente. A renda per capita de um cubano equivalia em 1959 a US$ 11,3 mil dólares em valores atualizados, quase 10% maior do que a renda atual, e semelhante à renda de um britânico no mesmo período.

O país era o quinto do mundo em número de televisões per capita. A maior taxa de telefones da América Latina (2,6 por 100 habitantes), a segunda maior taxa de veículos, atrás apenas da Venezuela, e números de mortalidade infantil menores do que os registrados nos Estados Unidos e Canadá. Ainda em 1958, o país registrava o 8º maior salário industrial do mundo.

Durante o período da revolução, os Estados Unidos não mais apoiavam o governo de Fulgêncio, fato que levou Fidel a tentar apoio dos próprios americanos para sua revolução. Foi apenas em 1961 que Cuba alinhou-se à União Soviética.

No mês de abril de 1959, em solo americano, Fidel virou estrela, sendo aclamado como herói. Em Washington, foi recebido por autoridades e posou para fotos, vestido com seu uniforme militar, em frente ao Capitólio. Na capital americana, chegou a fazer uma reunião a portas fechadas com Richard Nixon, então vice-presidente dos EUA no governo de Eisenhower. Já em Nova York, uma multidão estimada em 35 mil pessoas foi ver o jovem advogado que liderou os revolucionários cubanos discursar no Central Park. No palanque, bandeiras dos Estados Unidos e de Cuba estavam hasteadas lado a lado.

Mas, ao longo de 1960, Fidel foi enxergando oportunidades de lucrar mais, alinhando-se com os soviéticos do que com os americanos, já que os soviéticos viram em Fidel, uma oportunidade  para usar o território cubano e instalar bases de mísseis apontados para os Estados Unidos, como  consequência da Guerra Fria.

A oferta financeira soviética para Fidel e sua turma, foi melhor que a americana.

Em janeiro de 1960, Cuba nacionalizou refinarias americanas depois que elas se recusaram a processar óleo soviético. Nos meses seguintes, outros negócios americanos na ilha foram alvo de estatização.

Em janeiro de 1961, veio a ruptura pelos EUA das relações com Cuba e o fechamento da embaixada em Havana.


30 de abril de 2018

O dia do trabalho


Em 1886, realizou-se uma manifestação de trabalhadores nas ruas de Chicago nos Estados Unidos.

Essa manifestação tinha como finalidade reivindicar a redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias e teve a participação de milhares de pessoas. Nesse dia também teve início uma greve geral nos EUA. No dia 3 de Maio houve um pequeno levante que acabou com uma escaramuça entre a polícia e os manifestantes e com a morte de alguns deles. No dia seguinte, 4 de Maio, uma nova manifestação foi organizada como protesto pelos acontecimentos dos dias anteriores, tendo terminado com o lançamento de uma bomba por desconhecidos para o meio dos policiais que começavam a dispersar os manifestantes, matando sete policiais. A polícia então abriu fogo sobre a multidão, matando doze pessoas e ferindo dezenas. Estes acontecimentos passaram a ser conhecidos como a Revolta de Haymarket.

Três anos mais tarde, no dia 20 de Junho de 1889, a segunda Internacional Socialista reunida em Paris decidiu por proposta de Raymond Lavigne convocar anualmente uma manifestação com o objetivo de lutar pelas 8 horas de trabalho diário. A data escolhida foi o 1º de Maio, como homenagem às lutas sindicais de Chicago. Em 1 de Maio de 1891 uma manifestação no norte de França foi dispersada pela polícia resultando na morte de dez manifestantes. Esse novo drama serviu para reforçar o dia como um dia de luta dos trabalhadores e meses depois a Internacional Socialista de Bruxelas proclama esse dia como dia internacional de reivindicação de condições laborais.

Em 23 de Abril de 1919 o senado francês ratificou o dia de 8 horas e proclama o dia 1 de Maio desse ano dia feriado. Em 1920 a Rússia adota o 1º de Maio como feriado nacional, e este exemplo é seguido por muitos outros países.

Apesar de até hoje os estadunidenses se negarem a reconhecer essa data como sendo o Dia do Trabalhador, em 1890 a luta dos trabalhadores estadunidenses conseguiu que o Congresso aprovasse que a jornada de trabalho fosse reduzida de 16 para 8 horas diárias.
O dia do Trabalho (Labor Day) nos Estados Unidos é celebrado na primeira segunda-feira de setembro.

Na maioria dos países industrializados, o 1º de maio é o Dia do Trabalho. Comemorada desde o final do século XIX, a data é uma homenagem aos oito líderes trabalhistas norte-americanos que morreram enforcados em Chicago (EUA), em 1886. Eles foram presos e julgados sumariamente por dirigirem manifestações que tiveram início justamente no dia 1º de maio daquele ano.

No Brasil, a data é comemorada desde 1895 e virou feriado nacional em setembro de 1925 por um decreto do presidente Artur Bernardes.

24 de abril de 2018

Este tal de Cabral!

Não há muita informação histórica sobre Pedro Álvares de Gouveia Cabral, o homem festejado como o "descobridor" do Brasil, e sua família.

Cabral nasceu em Belmonte, a 380 km de Lisboa, em 1467 ou 1468 (o ano é incerto), pequena vila de pouco mais de 3.000 habitantes no centro de Portugal, onde estão as ruínas do castelo onde provavelmente nasceu o descobridor.

Nesta vila, onde está o castelo, foram achadas diversas peças do cotidiano dos nobres da família Cabral, coisas como moedas ou objetos de toucador ou culinária.

Esses objetos deram uma pequena pista sobre como viviam esses fidalgos de confiança dos reis portugueses, tanto que um deles, o celebrado Pedro Álvares, foi escolhido para uma missão delicadíssima.

Em 9 de março de 1.500, 13 navios da expedição de Pedro Álvares Cabral deixaram Lisboa, levando 1,5 mil homens. Eram três caravelas (naves menores e ágeis, com até 50 toneladas) e dez naus (com até 250 toneladas e capacidade para 200 pessoas), destinada a iniciar o comércio com a Índia, que havia sido alcançada por via marítima em 1498 por Vasco da Gama.

Cabral foi escolhido para dar seguimento a essa viagem. Sua passagem pelo Brasil foi um incidente de menor importância para os objetivos estratégicos da monarquia portuguesa.

As provas disponíveis não permitem dizer se foi de propósito ou não que a frota cabralina chegou ao Brasil. Há bons argumentos para as duas hipóteses.

A passagem de Cabral pelo Brasil foi descrita na carta de um dos escrivães da frota, Pero Vaz de Caminha. O documento foi enviado a Portugal por um dos navios; Caminha, para seu azar, continuou no caminho da Índia.

Cabral não era marinheiro, era um soldado de capacidades de comando mediana, e, infelizmente para os portugueses, também era um diplomata sofrível.

Sua frota perdeu metade dos navios. E os portugueses deixados na Índia para iniciar o comércio foram mortos pelos indianos, inclusive o pé-frio Caminha. Das 1,5 mil pessoas que embarcaram, apenas 500 voltaram vivas a Portugal em 6 navios.

Cabral nunca mais voltou a ter uma função de igual importância, mas é  celebrado por séculos como descobridor do Brasil, que viria a ser a principal colônia de Portugal depois que os holandeses passaram a ser a potência europeia dominante no oceano Índico.

A causa da morte de Cabral não é muito certa, mas acredita-se que tenha sido de malária, em 1520 – ele estaria com pouco mais de 50 anos.